Tive muita sorte neste último sábado pois o artista Flávio Scholles estava em seu arteliê, como costuma chamar a sua galeria. Enquanto admirávamos seus quadros espalhados pelas quatro pontas da construção, acompanhados pela guia, ouvíamos sua voz vinda do segundo piso. De repente, ele surge, vestindo sua capa e seu chapéu clássicos. A simpatia em pessoa, já perguntando se éramos da área das artes, ao que respondi que passava um pouco perto, era diretora de arte publicitária, e foi assim que ele contou da sua breve atuação em uma agência de publicidade em São Paulo, como ilustrador. “Naquela época eu ainda não era artista” ele conta. Falou dos ateliês que já teve em outros países e que só no ano passado pintou 300 quadros, ou seja, quase um por dia. Há 8 mil deles colorindo paredes mundo afora e, somente ali na galeria, 2 mil, entre outros produtos como canecas e almofadas.
O Flávio nasceu por ali mesmo, em São José do Herval, e no seu livro ele conta que realizou um sonho estabelecendo seu ateliê-galeria na região, no topo de um elevado, há 11 anos já, de onde se pode avistar Porto Alegre e Caxias do Sul. Em suas obras, Flávio sempre retratou o Rio Grande do Sul, suas paisagens e sua gente, em especial os imigrantes colonos, desde sua vinda para o Brasil, semeando e colhendo nas lavouras, até o êxodo para trabalharem nas indústrias. Entre uma pincelada e outra, há sempre espaço para questionamentos sobre o mundo moderno.
O céu é quase um personagem em suas obras, sempre cúmplice dos colonos na lida da lavoura, aquelas figuras pequenas na base dos quadros, como podemos observar